Técnica de Interpretação do Fato
Histórico
e
Construção de Síntese.
Texto:
O Terremoto
O tremendo terremoto que arrasou a capital lisboeta num
primeiro de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, levou Pedro de Arcourt e
Padilha, fidalgo da Casa Real portuguesa, cavaleiro da Ordem de Cristo,
secretário da Mesa do Desembargo do Paço, nascido em 1704, a entregar ao prelo os
seus Efeitos raros e formidáveis dos quatro elementos dedicados ao infante Dom
Manoel, tentativa de decifrar os sinais e os avisos que a tragédia encerrava.
Mas é com a publicação, em 1759, de Raridades da natureza e da arte, divididas
pelos quatro elementos, escritos e dedicados á majestade nosso senhor D. José
I, que o autor envereda definitivamente pelo estudo do maravilhoso...
Distribui-se o “alfarrábio” em dez sessões, correspondentes
aos quatro elementos aristotélicos, à magia natural e à artificial. Na
primeira, dedicada a estudar a Terra, arrola plantas e animais raros,
petrificações e vegetações de metais, gigantes e anões, sátiros e centauros,
partos monstruosos e hermafroditas, viventes que “não comem e nem bebem”...
Seu convívio com textos antigos permitia-lhe invocar Plínio,
Diodoro de Sicília, Santo Isidoro de Sevilha e Aullo Gelio para reconstitui o
perfil de habitantes de paragens recônditas do mundo: alguns destes, afirmava
ele, com quatro olhos, e outros, monóculos; uns sem cabeça, as feições do rosto
plantadas no peito. Outros, sem nariz; outros ainda, com beiço superior tão
grande, que lhes escondia o rosto. Uns com os pés tão grades que lhes serviam
de barraca, outros com pés de boi e nada menos de oito dedos em cada
extremidade. Segundo ele, os panosienos usavam suas enormes orelhas como
capote. Na Índia, havia homens cobertos de penas, e os “filhos de Trapobana”
eram possuidores de línguas fendidas que lhes caiam “até as goelas”. As duas
línguas serviam, é claro, para falar “dois idiomas”.
Dos antigos extraia também informações sobre os gigantes:
Plínio falava do árabe Gabbara, homem de mais de três metros. Golia tinha mais
de cinco, e Og, rei de Basan, perto de sete. Mas os modernos não ficavam atrás:
um certo “monsieour Henrion, membro da Academia de Fraca de Belas Letras”,
descobrira através de sábios cálculos que Adão tinha trinta e seis metros, e
Eva trinta e cinco e meio. Moisés encolhera e só tinha cinco! Se havia
gigantes, existia o contrário: anões como o sábio grego Filitas, que de tão
pequeno, se lhe punham chumbo aos pés para que o vento não o carregasse.
Fonte:
PRIORI, Mary del. História no plural. Brasília: Editora da UNB, 1994, p.84-85.
Adaptado por: J.ay...
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p\ atividade de
Interpretação e construção de Síntese histórica c\ Técnica Interpretativa e Uso
de Redação Narrativa.
- Último semestre de 2011.
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