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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Espaço do Estudante


Técnica de Interpretação do Fato Histórico
e
Construção de Síntese.

Texto:

O Terremoto


O tremendo terremoto que arrasou a capital lisboeta num primeiro de novembro de 1755, Dia de Todos os Santos, levou Pedro de Arcourt e Padilha, fidalgo da Casa Real portuguesa, cavaleiro da Ordem de Cristo, secretário da Mesa do Desembargo do Paço, nascido em 1704, a entregar ao prelo os seus Efeitos raros e formidáveis dos quatro elementos dedicados ao infante Dom Manoel, tentativa de decifrar os sinais e os avisos que a tragédia encerrava. Mas é com a publicação, em 1759, de Raridades da natureza e da arte, divididas pelos quatro elementos, escritos e dedicados á majestade nosso senhor D. José I, que o autor envereda definitivamente pelo estudo do maravilhoso...
Distribui-se o “alfarrábio” em dez sessões, correspondentes aos quatro elementos aristotélicos, à magia natural e à artificial. Na primeira, dedicada a estudar a Terra, arrola plantas e animais raros, petrificações e vegetações de metais, gigantes e anões, sátiros e centauros, partos monstruosos e hermafroditas, viventes que “não comem e nem bebem”...
Seu convívio com textos antigos permitia-lhe invocar Plínio, Diodoro de Sicília, Santo Isidoro de Sevilha e Aullo Gelio para reconstitui o perfil de habitantes de paragens recônditas do mundo: alguns destes, afirmava ele, com quatro olhos, e outros, monóculos; uns sem cabeça, as feições do rosto plantadas no peito. Outros, sem nariz; outros ainda, com beiço superior tão grande, que lhes escondia o rosto. Uns com os pés tão grades que lhes serviam de barraca, outros com pés de boi e nada menos de oito dedos em cada extremidade. Segundo ele, os panosienos usavam suas enormes orelhas como capote. Na Índia, havia homens cobertos de penas, e os “filhos de Trapobana” eram possuidores de línguas fendidas que lhes caiam “até as goelas”. As duas línguas serviam, é claro, para falar “dois idiomas”.
Dos antigos extraia também informações sobre os gigantes: Plínio falava do árabe Gabbara, homem de mais de três metros. Golia tinha mais de cinco, e Og, rei de Basan, perto de sete. Mas os modernos não ficavam atrás: um certo “monsieour Henrion, membro da Academia de Fraca de Belas Letras”, descobrira através de sábios cálculos que Adão tinha trinta e seis metros, e Eva trinta e cinco e meio. Moisés encolhera e só tinha cinco! Se havia gigantes, existia o contrário: anões como o sábio grego Filitas, que de tão pequeno, se lhe punham chumbo aos pés para que o vento não o carregasse.

Fonte:

PRIORI, Mary del. História no plural. Brasília: Editora  da UNB, 1994, p.84-85.

Adaptado por: J.ay...

·         p\ atividade de Interpretação e construção de Síntese histórica c\ Técnica Interpretativa e Uso de Redação Narrativa.
  • Último semestre de 2011. 

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